quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Visita ao Túmulo

    Quero contar uma história, a qual me foi sendo quase que esquecida, mas agora está mais viva do que nunca!

    Naquele lugar os corpos não eram enterrados como são aqui, eram deixados em cavernas, onde apodreciam, distante das cidades.
E era costume, em muitos lugares ainda é, perfumar o corpo e limpá-lo, deixá-lo apresentável em sua morte...
    Era alta madrugada, o sol estava aparecendo devagar, duas mulheres se dirigiram ao túmulo para esse ritual de limpeza e para darem um último adeus àquele que as havia demonstrado tanto carinho quando ainda em vida. E iam conversando pelo caminho, ainda muito tristes e com diversas lágrimas escorrendo pelo rosto:
    - Maria, como vamos fazer para rolar a pedra da entrada? Será que os guardas vão querer ajudar?
    - Não sei, vamos ver. Se não tiver ninguém para ajudar, vamos ter que tentar sozinhas...
    Quando elas olharam de longe, viram que a pedra não estava no lugar, alguém tinha rolado...


    - Os seguidores desse cara disseram que ele vai ressuscitar em três dias, vão lá e façam vigília nesses três dias, porque é possível que tentem roubar o corpo para fundamentar que ressuscitou. - Os sumo-sacerdotes deram a ideia e o prefeito consentiu.
    Os guardas ficaram plantados à entrada do sepulcro, mas nada puderam fazer quando tudo estremeceu e a pedra rolou...
    Correram e contaram aos chefes dos sacerdotes. Estes se reuniram com os grandes líderes religiosos e subornaram os guardas dizendo:
    - Tomem esse dinheiro e nada digam senão que os seguidores do morto vieram durante a noite e furtaram o corpo em um momento em que vocês caíram no sono.


***

    - Meu Deus! Roubaram o corpo!
    Madalena não entendia porque teriam roubado o corpo de seu mestre...
    Dentro do túmulo estavam dispostas as faixas de linho e o lenço que outrora esteve sobre sua cabeça. Ela correu e chamou Pedro e João, que viram o túmulo, menearam a cabeça e voltaram para casa.
    Madalena se deteve chorando dentro do túmulo quando, de repente, tudo ficou claro, como se o sol nascesse de dentro da caverna. Ela levou o antebraço à frente dos olhos, pois era muita a claridade, ofuscava a visão. E ouviu uma voz, de um anjo, com roupas reluzentes de onde vinha a luz:
    - Mulher, por que está chorando?
    - Oras, como assim? Levaram o corpo! - Respondeu em soluços.
    - Hum... - O anjo sorriu por dentro. - Desculpe, mas você está procurando dentre os mortos alguém que está vivo.
    Ela se deteve e pôde observá-lo com calma. As lágrimas foram diminuindo, pois entendeu o que o anjo disse, apesar de ainda não ser possível acreditar totalmente. Se levantou e saiu. Viu alguém ali fora e, pensando ser o jardineiro, logo foi tirar satisfações:
    - Se foi você que levou o corpo embora, diga onde o deixou, eu mesma vou pegá-lo!
    No que ele respondeu:
    - Maria...
    Seus cabelos se arrepiaram, a doçura na voz era amplamente conhecida e inimitável. Uma única palavra e ela conseguia ver toda a vida diante de seus olhos. Sentiu o calor como que se o próprio amor estivesse tangível e materializado em sua frente. Ela percebeu que conversava com ele...
    - Mestre! - Respondeu.
    - Vá e anucie com alegria: Jesus, o Cristo, ressuscitou.


4 comentários:

  1. Pois é, familiar mesmo... :)
    Mas a visão de detalhes, em citar até mesmo os sentimentos e conversar desses personagens... só aqui!!!

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  2. Eu me arrepio toda vez que leio esse texto. E essa é a intenção. Temos que tê-lo em mente sempre.

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