Leitura anterior: "Encontrando Lawiny".
- Eu te reconheceria em qualquer lugar. Em cima ou embaixo da Terra... – Falei apertando a mão direita, segurando a cruz. E revelei:
- Renoir Sephirot.
Simplesmente um monstro, enorme, com dois metros e meio de altura e um olhar de aterrorizar os netos que você ainda vai ter um dia! Sua musculatura não parecia de um homem, mas de um boi, e estava praticamente toda à mostra. Somente em alguns pontos do corpo como nas mãos e pés ainda restavam pedaços de pele, que pendiam com se estivessem soltando aos poucos. Seus membros pareciam de algum animal pré-histórico, ou um dragão, como um couro de cor escura, avermelhada. Seus músculos expostos brilhavam, parecendo úmidos todo o tempo. Dava para ver as veias e a pulsação forte. Sangue escorria pelo corpo e alguns pingos caíam no chão.
Na face – se é que posso chamar aquilo de face – dava para ver alguns dos ossos. Os olhos esbugalhados e vermelhos, que pareciam tentar queimar a minha alma. Dentes ameaçadoramente grandes e caninos como presas incrivelmente afiadas. Os caninos debaixo subiam por fora da boca e chegavam perto dos olhos, já os de cima cabiam na boca.
No lugar de um cavanhaque saiam dois chifres que se envergavam para frente, como ganchos. Na cabeça havia outros quatro, dois na testa e dois na parte de trás. São afastados na base, mas com a curvatura as pontas apontam praticamente juntas para cima. Onde tem pele também tem um punhado de cabelo ralo, como alguém que luta contra a calvície.
Apesar de já tê-lo visto assim antes, foi a primeira vez que me detive a encarar os detalhes... E então ele cortou minha admiração:
- Achou que não íamos mais nos encontrar?
Incrivelmente sua voz não era aterrorizante. Era quase que amigável, parecida com a minha...
- Certamente que achei. Se bem me lembro o deixamos no inferno, preso no chão por uma corrente enorme, que creio ter sido dada pelo próprio Deus para aquele fim!
- Hum... – Fez o som apontando para a cabeça. – Minha memória vai além disso, meu caro, pois você ressuscitou e deixou o inferno. Já seus amigos não...
- Não fale dos meus amigos! – Falei entre os dentes, ativando a cruz. O mecanismo faz com que as extremidades se alonguem e saiam espinhos das pontas.
- Hahahahaha. – Ele riu forçado, olhando para cima. – Seus amigos correram assim que chegaram os meus. Tanto aqui quanto no inferno relacionamentos fazem milagres. Posso ter demorado um pouco para sair de lá, mas não houve nada que me fizesse desistir de você.
- E o que pretende fazer agora? Me matar? – Coloquei a mão esquerda no peito.
Ele sorriu com um dos lados da boca e foi abaixando a cabeça até seus olhos se emparelharem com os meus, e disse:
- De forma alguma. Que ganho teria eu em lhe dar um passe livre para o Reino de Deus? Estou aqui para assegurar seu pecado. E quando você titubear, tiver sequer uma pequena sombra de dúvida, eu vou estar ao seu lado para lhe levar comigo.
- E você veio aqui só para me avisar? Que tipo de demônio estúpido é você? – Perguntei apontando para o olho direito dele.
Ele observou o meu dedo, ergueu-se novamente, virou as costas e começou a caminhar para a saída da caverna.
- Não vim lhe avisar, homem, – Esse “homem” saiu com ar de deboche, menosprezo. – mas, por conta de sua amiguinha, revelei-me. A propósito, ela é vezes mais forte que você e está quase acordando... Vai te botar pra correr.
Ele disse isso e saiu. E ela, que estava caída a uns quatro metros, encostada a uma parede e com diversos cortes no corpo e no rosto, acordou.
Próxima leitura: "Encontrando Lawiny III".
Muito bom. Manteve o nível da anterior.
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirEu espero não demorar muito com a continuação...
é muito bom não termos imagens do demônio, pois cada um imagina de uma forma, e quanto mais envolvidos com a historia estivermos, mais assustados, e mais puxado para o nosso próprio medo e será construído nas nossas cabeças...
ResponderExcluirmuito bom... partindo pro próximo!!