quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quem Não Procura Também Acha - Capítulo 1

     Uma nova aventura de RPG começou! Se você não sabe o que é RPG, não tem problema, pode ver aqui. Estou mestrando e vou escrever todas as nossas sessões de jogo em forma de romance.
     Acredite, o que você lerá abaixo se passou em sessões de jogo! Uma boa leitura a todos.



Capítulo 1

     O telefone toca e Henrique atende:
     - Senhor Costa? - Era o Coordenador dos Recursos Humanos.
     - Sim...
     - Recebemos uma ligação de que um item aguarda uma inspeção nossa lá em Manaus...
     Henrique pôde ouvir um riso contido, irônico, vindo do outro lado da linha.
     - E pela importância que damos a esses estudos, pensamos que o senhor seria nossa melhor opção.
     Henrique já tinha chegado onde queria, estava casado, com uma vida boa e tinha cumprido a promessa que fez a si mesmo quando a pistola do seu pai falhou em um assalto: se especializar no conhecimento bélico, para evitar que mais pessoas morressem por falhas em suas armas. Foi soldado do Exército e, posteriormente, se graduou em engenharia mecânica pelo IME.
     Há uns anos ele passou a chefiar o setor de pesquisas para criação de armas na IMBEL, a Indústria de Material Bélico no Brasil, mas com o pouco subsídio do governo para esse tipo de estudo, ele acabou ficando um pouco isolado dos outros setores da empresa e sua atuação começou a ser questionada pelos colegas de trabalho. E agora, com 42 anos, não achava que era a hora de nenhuma tomada de decisão drástica.
     Essa ligação foi desmotivadora e impulsionadora ao mesmo tempo, pois por mais que lhe tirassem sarro, essa era uma oportunidade real de sair um pouco, fazer pesquisas e, quem sabe, descobrir algo realmente novo!
     - Claro que irei! - Respondeu Henrique, tentando criar o entusiasmo. - De quê se trata esse objeto?
     - Ainda não sabemos, apenas recebemos uma ligação de um capitão do Exército lá de Manaus. Ao que parece o pesquisador deixou o objeto na base militar, tem noção? Anote o número dele e tire suas dúvidas, o nome é Ediones Tarouco. Depois passe aqui em baixo para vermos a questão da sua passagem com o pessoal do financeiro.
     Henrique ligou em seguida para o telefone informado:
     - Alô, bom dia, aqui é Henrique Costa da IMBEL, gostaria de falar com o doutor Tarouco, ele está?
     - Sou eu mesmo, bom dia! Receberam nosso convite?
     - Sim, recebemos. Eu irei até aí para poder dar pelo menos uma observada no que encontraram. Pode me dar alguns detalhes sobre o artefato? Porque fiquei sabendo que está sob posse do Exército, isso é meio estranho pra mim...
     - Não se preocupe, não é nada de mais. - Tarouco tratou de dar mais leveza à conversa. - Eu apenas contei com o suporte do comando militar porque tenho boas relações com eles.

***

     Ediones Rockenbach Tarouco também teve sua passagem pelo Exército, foi soldado por 9 anos e, depois de alguns cursos de sobrevivência na selva amazônica, achou que devia tomar outro rumo na vida. Decidiu pedir baixa do serviço e cursar Ciências Biológicas na PUC do Rio de Janeiro, seguindo os passos da mãe, que se formou bióloga na mesma universidade.
     Seu pai não foi tão presente como sua mãe, muito pelo contrário. Sempre aparecia em casa depois de semanas sem contato, completamente fardado, como se o serviço militar fosse o que mais importava na vida. Ficava alguns dias e ia embora. Isso foi minando o relacionamento que tinham, apesar do respeito sempre reinar entre os dois. Quando a interação deles acabou por vez, com 27 anos, Tarouco recebeu uma carta que dizia:

     "Filho, desculpe a falta de presença. Isso não deve acontecer mais. Use esse anel e estarei perto de você."

     Observando o peso do envelope, Tarouco retira o objeto de dentro. Um anel pesado, prateado, com uma pedra oval no topo, de cor verde. Contornando a pedra, o metal era um pouco mais angular, formando quase um retângulo sem quinas, com runas em toda a borda. Pareciam inscrições em uma língua desconhecida para ele.
     Só que Tarouco já estava de saco cheio das desculpas do seu pai e arremessou aquele treco em um canto qualquer da sala, resmungando entre os dentes. Não estava tão contente com o pai a ponto de aceitar aquele presente, pois não apenas ele, mas sua mãe também havia sido abandonada dia após dia.
     Após terminar o curso de biologia ele se mudou definitivamente para Manaus, onde passou a dar cursos de sobrevivência, até ao próprio Exército. Uma semana atrás, em seu aniversário de 35 anos, sua mãe lhe enviou pelo correio aquele anel, que ela encontrou quando arrumava uma de suas gavetas. Já havia se passado muito tempo e ele não viu mal em usá-lo, pensando que talvez nunca mais voltasse a ver o pai.
     Ele também se dedicava a pesquisas biológicas, sua última descoberta, há um mês e meio, tinha sido diversas passagens subterrâneas na floresta. Foi numa dessas passagens que ele se deparou com o objeto.

***

     - Encontrei esse elmo antigo faz uns cinco dias. Deixei ali no comando até vocês chegarem...
     - Vocês? - Questionou Henrique.
     - Ah sim, achei que soubesse. Uma paleontóloga da Europa me mandou um e-mail falando que viria também por conta do grande interesse em nossa descoberta. - Ele disse “grande” com ar de desdém. - Mas eu nem sei como ela ficou sabendo, possivelmente o próprio exército entrou em contato com ela assim como com você... Qual seu e-mail? Vou pedir para entrar em contato.
     - Anote aí: henrique.costa@imbel.gov.br.
     - Anotado. Quer também a página do perfil dela na internet?
     - Não precisa, tudo bem.
     - Quando tiver a data da sua vinda me avise, que lhe buscarei no aeroporto. Ah, e por favor, me chame de Ed.

     Próxima leitura: Capítulo 2

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