Ela acabara de receber seu mais novo documento, com o nome estampado: Aghata Alighieri. Precisaria dele para pegar seu voo de quase onze horas da França para o Brasil.
Alguns dias atrás seu alarme na web para assuntos relacionados a itens históricos lhe enviou um alerta, alguém revelou uma descoberta no Brasil, em uma rede social.
Quem leu aquilo nem se importou com a informação pessoal postada como tantas outras no meio de um feed interminável de ações diárias e descobertas e mais descobertas que pareciam interessar somente ao dono do perfil. Mas para ela eram esses pequenos fios soltos que sempre revelavam os mistérios mais profundos.
Com uma simples busca pelo Google descobriu que aquele rapaz trabalhava em uma pequena equipe de pesquisa liderada por Ediones Tarouco. Outra busca... e um endereço de e-mail. Mãos à obra:
Boa noite Dr Tarouco, é com imenso prazer que fico sabendo de sua descoberta no Brasil. Sou paleontóloga, pesquisadora e gostaria de saber como posso me juntar à equipe para visualizar o item e verificar junto com o senhor a relevância que sua descoberta pode ter para o desenvolvimento de nossa sociedade.
Aguardo seu retorno com carinho.
Aghata Alighieri
E ela redigiu em português.
Ed respondeu à Aghata dando o endereço eletrônico fornecido por Henrique, e sugeriu que se encontrasse com ele. Ela seguiu o conselho e combinou com Henrique por e-mail de encontrá-lo na terça-feira, em São Paulo, de onde rumariam para Manaus. Ela informou o hotel em que ficaria e Henrique foi até lá para acompanhá-la de táxi até o aeroporto de Guarulhos. Ela o aguardava no saguão, havia dado sua descrição física, mas nem precisava.
Tinha a pele clara, muito clara. Os cabelos eram negros, longos e lisos. Estavam soltos e encobriam as partes de fora do rosto e um pouco dos olhos. Anos fora do Brasil e os hotéis ainda não vêem a necessidade de trocar as revistas. Pensou consigo enquanto lia sobre a primeira mulher eleita presidente no país. Estava sentada lendo uma revista Caras de uns dois anos atrás.
Ela exercia uma atração fora do comum. Era difícil passar alguém que não reparasse nela, mesmo sentada. Henrique se aproximou e olhou por cima da revista e viu seus lábios vermelhos, naturais. O gloss transparente realçava a boca, emitindo um ar quase erótico enquanto mexia os lábios lendo para si sem emitir som. Ao aproximar um pouco mais, boquiaberto, Henrique viu suas sardas abaixo dos olhos, colorindo levemente a pele branquinha. Antes que pudesse se dar conta ela se levantou:
- Oi! É o Senhor Henrique?
Ela tinha uma fragilidade sedutora com uma expressão de confiança plena no olhar. Seus olhos verdes penetraram na alma de Henrique, que precisou de um momento para reorganizar os pensamentos.
- É... Henri... Sou... Sim! Sou eu! Henrique Costa, prazer. - Lhe estendeu a mão, cumprimentando.
Ele ajeitou a barra da camisa, lutou muito bem contra o ímpeto de desejar (mais) aquela mulher e, apontando a saída do hotel com a mão aberta, disse:
- Vamos então? O trânsito aqui não é dos melhores, não podemos correr o risco de perder o voo.
Próxima leitura: Capítulo 3
Leitura anterior: Capítulo 1
Nossa! É como se eu realmente a enccontrasse! Muito bom!
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