De São Paulo a Manaus foram três horas e meia, mas eles ganharam uma hora por conta do fuso horário. Henrique e Aghata desembarcaram por volta das 15h10. Tiveram bastante tempo para contarem detalhes triviais de suas vidas. Pegaram suas malas de mão e rumaram para a área de desembarque onde Ed Tarouco os esperaria, mas passaram dessa área e ele não estava lá, o encontraram apenas próximo à porta de saída para o estacionamento, com a plaquinha trazendo seu sobrenome.
Estava com uma camisa verde gola pólo, calça jeans e bota preta. Pele levemente morena e os olhos castanhos como os cabelos traziam uma expressão de quem precisava urgentemente ir ao banheiro. Mas ele não precisava, havia chegado até cedo demais para esperá-los, acontece que minutos antes um homem o havia rendido.
Tarouco esperava pacientemente quando um rapaz com casaco de couro e calça pretos fez sinal perto da porta de saída, ele caminhou um pouco e se aproximou. O homem então trouxe a boca ao lado de seu ouvido e disse:
- Está vendo aquele segurança na guarita? - E olhou para a posição do guarda.
- Sim, estou.
O homem misterioso acenou e o segurança assentiu sorrindo, com um leve menear da cabeça.
- Deixa eu te falar aqui fora.
Segurou Ed pelo braço levemente e o conduziu como se tivesse um segredo. Ao passar da porta sacou uma pistola preta e deixou claro:
- A proposta é bem simples doutor Tarouco. Você vai aguardar seus visitantes daqui. Aconselhe a entrarem naquela van escura ali. - Apontou com a arma na mão direita. - E eu vou ficar aqui atrás, assegurando que não faça bobagens.
Antes que pudesse falar qualquer coisa os dois apareceram caminhando em sua direção, e o homem deu dois passos para trás, acompanhando a parede de fora.
Henrique vinha puxando sua mala preta de rodinhas. Vestia uma camisa branca gola “v”, contrastando com sua pele parda, embaixo de um blazer preto, que não impediam de se perceber seu porte atlético. Calça jeans azul escuro, sapato preto e óculos de sol. Esses óculos eram finos, como os de grau. Seu corte de cabelo militar impedia os poucos fios grisalhos de sobressaírem aos negros. Andar elegante e um centímetro a menos que Tarouco, que tem 1,84 metro.
Mesmo aflito Tarouco não pôde deixar de reparar na beleza estonteante de Aghata, que não parecia caminhar, mas sim voar ao seu encontro como se fosse um anjo. Ela usava uma camisa cinza solta, com manga morcego, e calça jeans preta justa, cobrindo a bota de salto alto também preta. Sua mala vermelha era um pouco maior do que a de Henrique, mas ela a trazia na mão.
- Olá doutor Tarouco, muito bom conhecê-lo pessoalmente. - Ela apenas estendeu a mão direita e o cumprimentou.
Henrique fez o mesmo.
- Me perdoem. - Disse Tarouco em tom desanimado. - Preciso pedir que entrem naquela van.
- Não se preocupe, não vamos nos importar com o seu veículo, doutor. - Henrique falou enquanto caminhavam para o carro.
Quando chegaram perto já era tarde demais. Havia um homem em pé atrás do carro, segurando uma das portas traseiras aberta. Um outro de óculos escuros saiu pelo lado do motorista e ficou encarando enquanto caminhavam. Aghata olhou para trás pressentindo o pior. O rapaz de casaco de couro apontava a arma em direção a eles e ordenou:
- Fiquem calmos e ninguém se machuca. Entrem no furgão! - Quando disse isso e eles olharam para trás os dois bandidos que estavam no carro se aproximaram e, sem dar tempo de reação, seguraram os pesquisadores. Ed apenas pôde levantar as mãos, pouco antes de ser empurrado contra a lateral do veículo pelo homem armado. Os três tiveram suas mãos amarradas e foram arremessados dentro da van, com mala e tudo.
Foi tudo muito rápido, mas Henrique teve tempo de pensar se sacava sua 9 M973, pistola produzida pela própria IMBEL. Decidiu não colocar a vida de ninguém em risco, nem a sua, pois um homem armado contra vários nem sempre é a melhor saída...
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